2023
Os prémios aipcinema 2023
Na VIª Edição da cerimónia sobre a celebração do trabalho dos diretores de fotografia é especial porque se dá início à celebração dos 25 anos da aip - associação de imagem portuguesa.
Em 28 de dezembro de 1995 no dia em que se celebrava o 100º aniversário da invenção do cinema reuniu-se o 1º grupo de assistentes de imagem em torno de uns bifes com batata frita num restaurante no Beato onde se falou na possível montagem de uma associação de imagem. Falamos de Miguel Sales Lopes, Tiago Beja da Costa, Tony Costa, Vasco Riobom, Carlos Assis, Leonor Gama e Octávio Espírito Santo. Uns tempos mais tarde outro grupo se formou com João Miguel Branco, Nuno Ferreira, Pedro Santana, Inês Carvalho, Tiago Silva, Tony Costa, João Natividade, Sandra Meleiro e Rosário Oliveira e na sequência de reuniões informais, foi organizada a 14 de Janeiro de 1998 uma reunião entre assistentes de imagem onde se decidiu formar a presente a Associação de Imagem. Foi na sala do velho Sindicato no Príncipe Real.
O documento inicial resultante desse encontro definia “... como objetivo fundamental fortificar a relação entre técnicos e artistas relacionados com a área de câmara e fomentar um melhor enquadramento socioprofissional das atividades no meio cinematográfico.” Os diretores de fotografia foram depois convidados a participar e o primeiro signatário foi Vítor Estevão.
Após uma longa e demorada espera para a efetivação legal chegou finalmente o dia da assinatura da constituição da Associação de Imagem Cinema Televisão Portuguesa. A assinatura legal deu-se em 6 de Junho de 1998.
Assinaram a sua Fundação Tony Costa, Inês Carvalho e Leonor Gama. Eu lembro-me de ir com uma direta de um trabalho.
A partir daí deu-se um processo de organização de workshops com a finalidade de dar formação a assistentes de imagem dada a falta de profissionais qualificados mediante à grande procura. A Kodak torna-se o nosso primeiro associado benfeitor dando um enorme impulso às atividades e à vida da associação. Seguindo-se a um Workshop com Eduardo Serra realizado na ESTC - Escola Superior de Teatro e Cinema e o Eduardo tornou-se no nosso primeiro membro honorário seguindo-se o Acácio de Almeida e o Elso Roque. Outras ações de formação e atividades foram realizadas tais como as mais belas revistas de imagem jamais publicadas com o cunho e o talento do design do Daniel Costa Neves, homenageamos pessoas, etc..
Somo democratas fazemos eleições. A Inês de Carvalho e o Rui Poças já foram presidentes da Associação tal como o Luís Branquinho. Não é só de momentos bons que se viveram, em 2008 houve uma profunda crise que durou alguns anos que quase aniquilaram a associação. Deu-se uma rutura com os assistentes de imagem. Foi o trabalho e a dedicação da Inês Carvalho e em particular do Luís Branquinho que salvaram a associação nesse período conturbado.
Iniciamos a dar prémios e a homenagear pessoas antes da existência da Academia de Cinema. Achávamos que não havia à semelhança de outros países nenhum momento comemorativo e de reconhecimento e criamos os prémios aipcinema que, apesar de tudo, levou algum tempo a montar. Os prémios são o reconhecimento do trabalho entre colegas. É um momento em que nos sentimos felizes por dar um pouco de felicidade a quem o recebe.
Comemorar os 25 anos da Associação de Imagem, não é apenas comemorar um aniversário. É mais que isso. É celebrar a profissão de diretor de fotografia.
Esta comemoração é uma oportunidade de dar significado ao que realmente representa a direção de fotografia. O diretor de fotografia tem sido considerado em muitos quadrantes como um mero técnico. Porém se formos bem mais atentos podemos observar como a sua originalidade pessoal de interpretar luz, sombra e movimentos de câmara têm um cunho pessoal e individual de extrema importância para o desenrolar da obra. Esta singularidade e originalidade está inerente ao desempenho do diretor de fotografia. Que pode fazer de uma cena parecer feliz, e outra parecer triste. Esta capacidade de controlar tons, sombras, luz e composição de imagem faz dele um artista, que materializa a visão do realizador em imagens.
Por isso as comemorações do 25 anos de associação de imagem não devem ser uma mera efeméride, mas sim um ponto de partida onde se possa colocar a direção de fotografia no seu devido lugar. Trata-se de uma profissão de carácter técnico e artístico. O DF é aquele que é capaz de moldar a luz, os movimentos de câmara e os enquadramentos de forma a dar à audiência a perceção correta que o realizador pretende. Para fazer isto é necessário saber e cada DF tem a sua forma pessoal de interpretação do guião. A imagem é a sua autoria a sua assinatura. É um dom pessoal uma arte em si, individual intransmissível que tem o condão de servir o realizador e o filme.
E por isso deixem-se, mas é de merdas e respeitem a imagem até ao fim, até ali no momento da correção de cor e por fim reconheçam o carácter artístico do diretor de fotografia.
Celebramos este ano 25 anos de idade. Estamos radiantes com o apoio que temos recebido. A Cinemateca e o Cine-Clube do Porto associaram-se a esta efeméride. Muitos filmes fotografados pelos nossos membros serão exibidos com a égide «Pelos 25 anos da aip»
. Arrancamos esta festa com um primeiro agradecimento à equipa do Bazar do Video/Optec pelo inestimável apoio desinteressado e à pessoa de Abel Ribeiro Chaves que estão hoje a fazer o vídeo streaming.
Discurso de Tony Costa na cerimónia dos prémios aipcinema em 2023 e que pode ver a cerimónia gravada aqui.
Galeria de Fotografias da Cerimónia
Melhor Direção de Fotografia em Filmes Arte e Ensaio, Prémio BAZAR DO VÍDEO: Prémio direto
"A LITTLE LOVE PACKAGE" Direção de Fotografia Rui Poças
Melhor Direção de Fotografia em Filme Estudantil, Prémio DIGITAL AZUL: Separador
"Vanette" Direção de Fotografia de Miguel Faustino - Universidade Lusófona
"O Abafador" Direção de Fotografia de Rafaela Gomes - ESMAD
"Amanhã " Direção de Fotografia de Mariana Meneses - Ar.Co - Centro de Arte e Comunicação Visual
Melhor Direção de Fotografia em Videoclipe, Prémio LIGHTSET: Separador
"Fatoumata Diawara - Nsera feat. Damon Albarn" Direção de Fotografia de Duarte Domingos
"Lost Frequencies ft James Arthur - Questions" Direção de Fotografia de David Marques
"Pontas" Direção de Fotografia de Pedro Patrocinio
Melhor Direção de Fotografia em Filme Documentário, Prémio SONY: Separador
"Objectos de Luz" Direção de Fotografia de Acácio de Almeida
"Jovem Cunhal" Direção de Fotografia de João Ribeiro
"Onde Fica Esta Rua Ou Sem Antes Nem Depois" Direção de Fotografia de Rui Poças e Lisa Persson
Melhor Direção de Fotografia em Série TV, Prémio CLEANFEED: Separador
"PRAXX" Direção de Fotografia de Fábio Mota
"3 Mulheres Pós Revolução" Direção de Fotografia de Luis Branquinho
"Lusitânia" Direção de Fotografia de João Lança Morais
Homenagem António Cunha Teles
Gostaria hoje de invocar dois importantes produtores que nos deixaram no ano de 2022. Ambos tiveram grande importância nas nossas vidas profissionais. Foram António da Cunha Telles e Ana Costa. Gostaria oporem de os recordar não com tristeza, mas com um sentimento positivo e de respeito pelo seu legado.
Começo por invocar António da Cunha Telles.
Galeria de Fotografias Sobre António Cunha Telles
António da Cunha Telles foi tudo no cinema. Argumentista, Produtor, Realizador, Distribuidor e Exibidor, administrador da Tobis para além da vertente do negócio baseado no aluguer de equipamentos onde se tornou um profícuo produtor executivo de telefilmes franceses nos anos 80 e 90. É neste particular que o preferimos destacar. Foi através destas produções que uma enorme falange de profissionais foram formados e que hoje se encontram no ativo. Foi no Animatógrafo utilizando câmaras de 16mm, as Aaton francesas e também alguns trabalhos em 35mm para produções um pouco mais endinheiradas. Passaram por cá muitas vedetas do cinema francês. Cunha Telles através destas produções formou equipas de todos os setores e profissionalizou a atividade em Portugal tirando assim Portugal da miséria técnica, ou melhor da penúria técnica. Forçado pela exigência dos filmes estrangeiros criou um parque de equipamentos assinalável sendo alguns deles pioneiros no país. Tinha uma grande apetência por novos equipamentos e era muito interessado nas inovações tecnológicas. Gostava muito de adquirir e de vangloriar-se de ter este ou aquele aparelho, mas era negligente na sua manutenção.
Deixa uma importante marca na história do cinema português
Este texto faz-me lembrar um episódio que não posso deixar de contar como disse na peça os equipamentos da empresa eram sofríveis. E foi sempre assim ao longo de décadas e nem se fala das condições em que as carrinhas transporte se encontravam. Nunca havia financiamento para manutenções.
O saudoso Lito, nos seus últimos anos de vida, era o gestor da videocine e um dia chegou um assistente de imagem que vinha com a carrinha para estacionar no armazém. Parou a carrinha, saiu muito aflito e dirigiu-se ao Lito.
- Oh Lito acendeu-se uma luz vermelha no tablier da carrinha passa-se qualquer coisa.
E o Lito muito calmo responde-lhe
- Então apaga-a caralho.
HOMENAGEM – ANA COSTA
Também gostava de relembrar a Ana Costa, que nunca falhou a sua presença nestas noites. Desde o início nunca deixou de marcar a sua presença aqui, sentimos saudades suas e recordamo-la hoje. Quero em nome pessoal agradecer-lhe a ela e à família por ter abraçado este projeto dos prémios aip e de me ter motivado a organizar e de ter prestigiado estas noites com a sua presença e com o prémio com o nome do seu pai, e aqui vos deixo um pequeno vídeo onde a recordamos.
Para finalizar queria apenas destacar uma frase que ouvi do nosso colega Luís Branquinho que define perfeitamente aquilo que foi a Ana Costa. Uma mulher determinada e corajosa. Disse o Luís durante o discurso que proferiu depois de receber o Sophia pela Melhor Fotografia com o filme Terra Nova. «A fotografia não é só do fotógrafo é também do produtor. Quando estávamos todos a planear filmar na costa de Sesimbra vem a Ana e diz - se o filme se passa no mar da Terra Nova é lá que se filma - e fomos num barco para o mar do norte e isso fez toda a diferença na imagem, obrigado Ana» disse o Luís.
PRÉMIO FERNANDO COSTA – Cinemate
A pedido da família o prémio Fernando Costa tem uma pausa este ano. Sónia Costa leu um texto durante a cerimónia.
Melhor Direção de Fotografia em Curta-Metragem, Prémio STP AUDIOVISUAIS: Separador
"O Teu Peso em Ouro" Direção de Fotografia de Rui Xavier
"Uma Rapariga Imaterial" Direção de Fotografia de Paulo Menezes
"Vórtice" Direção de Fotografia de Tomás Brice
Prémio AIP com o apoio de CVP
Nuno Ferreira
O que seria do diretor de fotografia sem a leal colaboração do seu primeiro assistente de imagem? Quem tomaria conta de todas as objetivas? Cabos? Tripés? Das condições de funcionamento da câmara? Do registo de Imagem? E por fim ainda garantir que tudo está focado? Só o 1º assistente de imagem em quem o DF deposita toda a sua confiança na garantia da qualidade de imagem.
E quem melhor representa estas qualidades nos dias de hoje? Quem é que a Associação de Imagem escolheria entre tantos e bons assistentes de imagem que hoje estão no ativo para ser o recipiente do Prémio AIP?
A escolha só poderia recair em Nuno Ferreira.
Nuno Ferreira reúne as melhores qualidades que um assistente de imagem pode ter. Tem larga experiência no domínio técnico, transmite tranquilidade e confiança. Para além destas qualidades é de uma grande lealdade para com o Diretor de Fotografia com quem está a trabalhar.
Este ano a aip decidiu homenagear o 1º assistente de Imagem Nuno Ferreira com o prémio honorífico da Associação de Imagem.
É um singelo reconhecimento da nossa parte para assinalar um profissional que muito respeitamos
PELA SUA DEDICAÇÃO, PROFISSIONALISMO E LEALDADE.
OBRIGADO NUNO
Galeria de Fotografias sobre Nuno Ferreira
Melhor Direção de Fotografia em Spot Publicitário, Prémio PLANAR: Separador (sem áudio por causa dos direitos da música)
"NOS-Natal" Direção de Fotografia de Carlos Lopes
"BRAVURA" Direção de Fotografia de David Marques
"Super Bock - Amigos, Amigos" Direção de Fotografia de Carlos Lopes
Melhor Direção de Fotografia em Longa-Metragem, Prémio FUJIFILM: Separador
"A Viagem de Pedro" Direção de Fotografia de Pedro J. Márquez
"Alma Viva" de Direção de Fotografia de Rui Poças
"Alone Together" Direção de Fotografia de Martim Vian
Honorário, Prémio ARRI:
Edgar Moura
É grande orgulho que hoje homenageamos um colega d’além mar. Trazemo-lo aqui precisamente para expressarmos a nossa admiração e acima de tudo o reconhecimento pelo seu papel como diretor de fotografia em Portugal, no Brasil, e também um pouco em Moçambique. Não foi apenas um cara que fotografou muitos filmes, que acompanhou o cinema novo brasileiro de Ruy Guerra, mas transcendeu a profissão de diretor de fotografia em várias frentes. Foi fotografo jornalista, estudou na Bélgica, foi diretor de fotografia de grandes produções portuguesas e brasileiras, passou por Moçambique, escreveu 3 livros e meio - meio é aquele que não acabou sobre TV, só ia dizer mal e decidiu não avançar – e também não poderia deixar de ser a sua vertente de professor. Um cara da fotografia completo. Para além de todas estas qualidades o seu sentido de humor é contagiante e cativante.
Senhoras e senhores eis Edgar Moura.